Escrito por: Leonardo Markana
Baseada na série de quadrinhos de Alice Oseman, Heartstopper conta a história de Charlie Spring e Nick Nelson, adolescentes que não poderiam ser mais diferentes entre si, mas que aparentam se conhecer desde sempre. Charlie é um adolescente tímido e introvertido, mas muito carinhoso com as pessoas que se importa, sendo também assumidamente gay no Colégio Truham, uma escola composta somente por meninos. Nick é um dos garotos populares do colégio, além de ser o líder do time de rugby. Seus mundos se encontram quando Charlie é designado a dividir a mesma mesa com Nick em uma de suas aulas, resultando na aproximação de ambos e, eventualmente, na formação da amizade e possivelmente algo a mais entre eles.
Levando em consideração a quantidade não muito grande de produções audiovisuais LGBTQ+ que temos a nosso dispor, Heartstopper chega para nos abraçar de maneira aconchegante e acolhedora, um raro feitio que poucas conseguem realizar, especialmente se tratando de uma história feita diretamente para a comunidade queer. A série, além de ter como base principal o lindo romance entre Nick e Charlie, consegue ir além abordando a vivência de outros membros da comunidade de maneira orgânica e leve, mostrando que podemos ter nossas histórias contadas sem precisar de uma narrativa que contenha aspectos tristes e trágicos como foco principal, como é o caso da maioria das produções que Hollywood se dispõe a contar.
A série, além de desenvolver o romance entre o casal principal, também consegue dar atenção para Nick e Charlie como indivíduos em suas respectivas narrativas. Ela também dá bastante atenção para seus personagens secundários extremamente carismáticos. É o caso de Elle, Tara e Darcy, respectivamente personagens trans e lésbicas, que também recebem a devida atenção e desenvolvimento necessários, conseguindo ir além de seus aspectos como personagens da comunidade. No caso de Elle, foi inovador acompanhar sua narrativa não sendo sobre sua transição mas sobre seu crush em seu amigo Tao, melhor amigo de Charlie.
Heartstopper é um romance fofo, despretensioso e que em nenhum momento tem a intenção de ser algo maior do que é. A série existe para acolher quem precisa de acolhimento e abraçar quem precisa de um abraço. Ela em nenhum momento nega os aspectos negativos de ser um adolescente LGBTQ+, assumido ou não, mas também mostra que uma história de amor diferente do “convencional”, pode sim ser completamente fofa, leve e sem ter o compromisso de ser educativa para o público hétero. No mundo de Heartstopper, esses personagens simplesmente só querem existir e ser quem são apenas por si mesmos, o que por si só torna a série algo muito especial para quem os assiste.
Heartstopper acolhe a comunidade LGBTQ+, em especial as pessoas mais novas que irão poder crescer tendo a série como forma de referência positiva em seu crescimento, em um mundo que ainda insiste em negar suas existências sempre que possível.
PS - Para quem assistiu a série e se apaixonou por este universo, Alice Oseman possui quatro volumes dos quadrinhos publicados, com o quinto volume tendo a previsão para ser lançado esse ano. É uma leitura extremamente rápida, leve e divertida. E para quem quiser ou não puder comprar estes volumes, Alice disponibiliza Heartstopper de maneira oficial e gratuita no Tapas, um site/aplicativo para criadores de quadrinhos poderem publicar suas histórias. Basta criar uma conta e pronto, Heartstopper já pode ser lida por lá (que inclusive continua em andamento). Uma dica que também dou é de interagir no conteúdo postado pois ao fazerem isso, Alice ganha uma pequena renda com o engajamento do site, e parte dessa renda ela costuma doar para instituições LGBTQ+ ao redor do mundo.
Nota: 9.5